O que é e quais são os benefícios da aprendizagem baseada em problemas?
Descubra o que é e quais são os principais benefícios da metodologia de aprendizagem baseada em problemas.
________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
A aprendizagem baseada em problemas é uma metodologia de ensino ativa que surgiu na década de 1960.
O grande objetivo da ABP é estimular a participação ativa dos estudantes em seu processo de ensino e aprendizado formal ou informal.
Vamos conhecer um pouco mais sobre essa metodologia, seus principais objetivos e características, etapas e vantagens.
O que é a aprendizagem baseada em problemas?
Antes de mais nada, é importante entender o que é, afinal, a aprendizagem baseada em problemas. Vamos lá.
De forma geral, a aprendizagem baseada em problemas (ABP) – ou, em inglês, problem based learning (PBL) – é um método de ensino que estimula a realização de atividades para preparar alunos para resolverem questões do mundo real.
Em outras palavras, é uma metodologia que compreende a aquisição de conhecimento através da resolução de situações reais.
Sendo assim, é uma metodologia de ensino ativa, já que as pessoas estudantes passam a ser as protagonistas na aula. O professor, por sua vez, é responsável apenas por conduzir as atividades em direção aos conhecimentos.
Qual é o objetivo da aprendizagem baseada em problemas?
A abordagem é, portanto, baseada na resolução de problemas reais e tem como principal objetivo mesclar os dois princípios básicos da educação: a teoria e a prática.
O resultado disso são alunos muito mais engajados e participativos, especialmente se comparado aos métodos de educação mais engessados das salas de aula tradicionais.
Histórico da aprendizagem baseada em problemas
Desenvolvida em universidades do Canadá e da Holanda no final da década de 60, a aprendizagem baseada em problemas é uma proposta pedagógica que surgiu a partir dos conceitos do psicólogo americano Jerome Seymour Bruner e do filósofo John Dewey.
De acordo com Jerome, a educação deveria colocar os estudantes em contato com problemas. É importante esclarecer que o psicólogo estava se referindo aos nossos problemas do dia a dia mesmo, para instigar uma visão maior da realidade.
O objetivo, nesse caso, é incentivar a discussão de temas em grupos e a busca por soluções. Essa proposta foi chamada de Aprendizagem pela Descoberta.
Além do mais, Dewey defendia a ideia de que a educação deve se basear na reconstrução da experiência. Ou seja, deve-se observar a realidade para produzir crescimento, motivação e aprendizagem.
Contudo, embora ambos tenham inspirado a Aprendizagem Baseada em Problemas, o conceito propriamente dito surgiu em uma experiência na Harvard Business School.
Características da metodologia baseada em problemas
As principais características da aprendizagem baseada em problemas são:
- Organização dos temas em torno de problemas e não de disciplinas isoladas;
- Integração interdisciplinar;
- Combinação entre teoria e prática para solucionar um problema;
- Ênfase no desenvolvimento cognitivo;
- Abordagem centrada nos estudantes (que atuam de forma ativa).
Quais são os principais benefícios dessa metodologia?
Não é mais novidade de que o conhecimento puramente teórico se distancia muito da realidade prática.
É por isso que, cada vez mais, as metodologias se alinham às formações práticas e às competências multidisciplinares. Não por menos, essa também é uma das atuais exigências do mercado de trabalho.
Nesse contexto, os principais benefícios da aprendizagem baseada em problemas são:
INTERDISCIPLINARIDADE E DIVERSIDADE
A partir dessa metodologia, o professor pode explorar problemas com os alunos de modo interdisciplinar. Ou seja, permite que a mesma situação envolva e misture conceitos de diferentes disciplinas.
Além disso, a aprendizagem baseada em problemas é aplicada a grupos de alunos. Então, conta com a diversidade de perspectivas para buscar diferentes soluções e resoluções para o mesmo problema.
AUTONOMIA E PENSAMENTO CRÍTICO
No decorrer do projeto, os alunos e as alunas assumem uma postura de maior autonomia e independência para discutirem, planejarem e aprenderem.
As pessoas estudantes precisam assumir uma postura mais autônoma e disciplinada para discutirem com colegas de forma crítica.
Sendo assim, a metodologia desenvolve a capacidade de pensar criticamente e cria independência e autonomia para se posicionar perante à sociedade.
COMBINAÇÃO DE TEORIA E PRÁTICA
Com essa metodologia é possível gerar experiências práticas, focadas na realidade. Os alunos experimentam todas as etapas de resolução de um problema, passando pelo levantamento de hipóteses, fundamentação até chegar nas proposições e no lano de ação.
Esse processo constrói uma perspectiva interessante sobre a questão que combina as análises teóricas e as percepções práticas.
DESENVOLVIMENTO COGNITIVO FOCADO EM INOVAÇÃO
O aprendizado ativo na ABP estimula o pensamento crítico e a capacidade de análise, em todas as etapas da metodologia.
A ideia é justamente formar pessoas inconformadas com a repetição de ideias, com senso comum. O resultado disso é o desenvolvimento cognitivo focado em inovação.
ABORDAGEM CENTRADA NO ALUNO
Como você já sabe, diferente de outras metodologias, na ABP o professor não é o protagonista do processo, mas o mediador.
Isso porque os estudantes se tornam independentes e engajados o suficiente para se tornarem responsáveis pelo seu próprio desenvolvimento e aprendizado..
Quais são as etapas da aprendizagem baseada em problemas?
O método de aprendizagem baseado em problemas segue uma estrutura simples e de fácil aplicação.
O processo se resume em 3 grandes etapas:
1. Compreensão do problema
Em primeiro lugar, os alunos devem entender o problema através da interação com seus colegas. O problema – que se baseia em uma situação real – é o questionamento que motiva toda a atividade.
2. Conflito cognitivo
O segundo passo é o conflito cognitivo, a partir do desafio. É importante existir o conflito, porque é ele que estimula a aprendizagem.
3. Resolução do problema
Por fim, o conhecimento se desenvolve através da discussão de diversas soluções. Afinal de contas, um dos grandes benefícios da metodologia está no reconhecimento e e na combinação de diferentes interpretações sobre o mesmo fenômeno.
Quer dizer, a aprendizagem se desenvolve melhor a partir da coletividade.
Diferenças entre a metodologia tradicional e a aprendizagem baseada em problemas
Talvez você esteja se perguntando qual é a diferença entre a metodologia tradicional e a aprendizagem baseada em problemas. Bom, separei alguns tópicos para você entender melhor.
Metodologia passiva x ativa
Em primeiro lugar, a diferença central entre as duas metodologias está no posicionamento – mais ativo ou passivo – de estudantes.
Na metodologia de ensino tradicional, o professor é quem sabe, quem ensina e quem transmite as informações e o conhecimento.
Sendo assim, ele se torna o responsável pelo processo de ensino: indica as leituras, testa os conhecimentos através de provas e trabalhos e, de forma geral, apresenta os conhecimentos de forma simplesmente expositiva com uso de quadro negro ou slides.
Nesse cenário, os estudantes permanecem em um papel mais passivo no processo de aprendizagem.
Diferente da metodologia de aprendizagem baseada em problemas em que o papel do professor é apenas de “tutor”. Ou seja, ele deve apenas auxiliar na organização, sugerir pontos, mediar discussões, responder dúvidas… tudo para contribuir no processo de aprendizagem..
Isso faz com que os estudantes fiquem mais ativos no processo. Afinal de contas, são eles que vão desenvolver as discussões e propor as soluções a partir de seus conhecimentos.
Na aprendizagem baseada em problemas, o aluno deve identificar o que é preciso saber, qual é o processo, quais são as etapas e como deve se delinear a pesquisa.
Posição hierárquica x colaboração
Além do mais, outra diferença é que, na aprendizagem tradicional, o conhecimento dos professores são vistos como verdades absolutas.
Os estudantes, por outro lado, permanecem em uma posição em que não há espaço para falhas. Afinal, isso pode gerar notas baixas e possíveis punições.
Há, portanto, uma hierarquização dos papéis: os professores são postos em um lugar de superioridade em relação aos estudantes e o conhecimento é transmitido de baixo pra cima.
No entanto, na ABP há uma atmosfera de colaboração entre todas as partes, que devem opinar e discutir para construir o conhecimento de forma conjunta.
Já que a aprendizagem e a aplicação andam juntas e as falhas servem para testar e obter conhecimentos. Sendo assim, não são punidas.
Atualizado por: Danilo Santos e Taiana Delavy
Willian Echeverria é Content Producer no Edupulses. Graduando em Psicologia e pesquisador em Educação, Aprendizagem e Metodologias Ativas. Willian se desafia todos os dias na busca de novas metodologias e ferramentas ativas que auxiliem no processo de ensino-aprendizagem.