Esse artigo explica o que é e como funciona a sala de aula invertida. E mais, como fazer e aplicar esse método.

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Se você pensa que sala de aula invertida é virar a classe de cabeça pra baixo e deixar tudo fora de ordem, está muito enganado. 

A sala de aula invertida é um método de ensino bastante interessante, especialmente se considerarmos o contexto mais ágil, dinâmico e digital da sociedade. 

Em resumo, a sala de aula invertida é uma metodologia em que os estudantes estudam sobre os temas antes da sala de aula. Ou seja, o processo de aprendizagem não começa com a tradicional exposição dos professores. 

O conceito de sala de aula invertida vai muito além disso. Nesse artigo vou explicar o que é, quais os pilares e como funciona esse método. Além disso, como aplicar o método na prática. Vamos lá?

O que é sala de aula invertida?

A sala de aula invertida (ou flipped classroom) é uma forma inovadora de promover o processo de ensino-aprendizagem.

De forma geral, é uma perspectiva metodológica em que a pessoa estudante aprende através da articulação entre espaços e tempos online e presenciais: existem algumas interações síncronas e outras assíncronas.

Como o próprio nome sugere, há inversão da ordem dos processos de aprendizagem. Ao contrário do método tradicional, primeiro os estudantes estudam os temas antes da aula e, em seguida, junto aos colegas, discutem os conhecimentos e tiram dúvidas com a orientação do professor. 

Ou seja, na aplicação desse método, os alunos devem estudar antes dos encontros presenciais com a turma. Assim, o período com o professor em sala de aula serve para fixar o conteúdo, realizar atividades práticas, dar e receber feedbacks, entre outros.

Sendo assim, a partir dessas características, a sala de aula invertida integra o ensino do tipo híbrido e é considerada uma metodologia ativa. 

Assim, com o intuito de explorar os avanços das tecnologia educacionais (e inclusive, combater a evasão e o nível de reprovação), a sala de aula invertida tem sido implantada em universidades do mundo inteiro, como a Harvard University e o Massachusetts Institute of Technology (MIT).

Qual é a diferença entre o modelo tradicional e sala de aula invertida?

Para entender a diferença entre o modelo tradicional e a sala de aula invertida, é importante traçar o perfis dos dois métodos de ensino:

Método tradicional: 

  • Transmissão de informação e conhecimento na sala de aula;
  • Resolução de exemplos com professores e colegas;
  • As aulas são basicamente expositivas e centradas nos professores;
  • O estudante tem um papel passivo e apenas recebe os conhecimentos.

Método da sala de aula invertida:

  • Os alunos fazem leituras, assistem aos vídeos e fazem pesquisas em casa;
  • Nas salas de aulas acontecem os debates entre colegas e o professor;
  • Os trabalhos em grupo são bastante comuns; 
  • Na sala de aula, os estudantes fazem atividades de simulação e de projeto;
  • O professor atua como um mentor do conhecimento;
  • O estudante tem um papel ativo no seu processo de aprendizagem.

Pilares da sala de aula invertida

Os pilares do método da sala de aula invertida se resumem na sigla FLIP:

F de Flexive Environment

Em português, Flexive Environment significa ambiente flexível. De forma geral, remete à ideia de criar espaços flexíveis, em que as pessoas estudantes podem escolher quando e onde vão aprender. 

L de Learning culture

Em português, Learning culture significa cultura de aprendizagem. No modelo tradicional, a principal fonte de informação são os professores.

Na abordagem invertida, a responsabilidade e o protagonismo da eficiência do processo de aprendizagem estão centrados nos estudantes. 

I de International Content

Na tradução, significa Conteúdo Dirigido. Ou seja, os professores devem criar estratégias para auxiliar estudantes na compreensão dos conceitos, especialmente através da curadoria de conteúdos que eles devem ler. 

P de Professional Educator

O “educador profissional” é mais exigente e fornece feedbacks constantes aos estudantes. 

Como surgiu a sala de aula invertida?

A metodologia ganhou forma após o pesquisador J. Wesley Baker introduzir o conceito de “Flipped Classroom” (sala de aula invertida). 

O objetivo central de Wesley Baker foi aprimorar e otimizar o tempo em sala de aula, especialmente para se tornar um mediador no processo de estudo.

Assim, em decorrência do método, os alunos saem do papel de espectadores e se tornam protagonistas do próprio processo de ensino-aprendizagem.

Como funciona a sala de aula invertida?

No ensino tradicional, a sala de aula serve para o professor transmitir informações para o aluno. Funciona, portanto como uma via de mão única. Pressupõe-se que o professor concentra todo conhecimento e deve passá-lo para os estudantes (normalmente, de forma oral). 

Os estudantes, por sua vez, apenas assistem às aulas e, em seguida, devem estudar e serem avaliados. 

no ensino de sala de aula invertida, o professor vira um orientador do processo de ensino-aprendizagem.

Afinal de contas, os estudantes, de forma assíncrona e autônoma, estudam e adquirem conhecimento sobre os temas antes das aulas. 

Quando chegam nas aulas, os estudantes têm conhecimento suficiente para desenvolverem discussões e debates para se aprofundarem ainda mais sobre os temas. Nessa ordem, o aluno amplia seu aprendizado de maneira prática.

Benefícios da sala de aula invertida

Os benefícios da sala de aula invertida para o processo de ensino-aprendizagem são muitos. Dentre eles:

  • Coloca os estudantes como protagonistas do seu aprendizado, deixando de lado o papel passivo dos modelos tradicionais;
  • Se adequa à realidade de cada estudante, dando maior liberdade e flexibilidade para as atividades;
  • Fornece aos professores o papel de orientação, podendo se aproximar das pessoas que enfrentam maiores dificuldades;
  • Desenvolve a autoestima e a autonomia dos estudantes;
  • Intensifica a conexão e a interação entre professores e estudantes; 
  • Facilita a integração, a interação e a colaboração entre os estudantes;
  • Otimização do tempo;
  • Conteúdos mais práticos e debates mais profundos. 

Mas como fazer uma sala de aula invertida?

Para começar, o primeiro passo para fazer uma sala de aula invertida é planejá-la com cuidado. O planejamento é essencial para ter clareza da aplicação do método de ensino.

Só assim é possível se certificar que a pessoa facilitadora terá propriedade no assunto e o conhecimento será bem constituído. 

Além do mais, é necessário criar uma curadoria de materiais que são suficientes para resumir os conceitos chaves sobre o tema.

Depois, deve-se escolher uma ferramenta para enviar os conteúdos que serão estudados pelos alunos antes das aulas.

Esses conteúdos devem ser claros e precisos, também podem conter materiais de apoio, como podcasts, PPT’s, capítulos de livros e documentários.

Outro fator importante é que todo material chegue aos estudantes com tempo suficiente para que eles realmente possam estudá-los. Em média, esse tempo deve ser, no mínimo, uma semana de antecedência. 

Aposte na tecnologia

O ensino à distância (EaD), um modelo educacional que não para de crescer no Brasil, pode ser um poderoso aliado na aplicação da sala de aula invertida. 

Isso porque os professores podem preparar as videoaulas e os tutoriais e incentivar os alunos a terem autonomia suficiente para se desenvolverem. 

Uma vez que aplicadas essas técnicas, é necessário ter o processo de adaptação. Entre tentativas, erros e acertos, o professor consegue conhecer melhor seus alunos, se conectar com eles e aprimorar sua metodologia.

Vigotski, estudioso do ensino como processo social, já apontava que a aprendizagem é resultante de um processo interativo e considerava a existência de uma zona de desenvolvimento proximal (ZDP). 

A ZDP representa a diferença entre o que o aprendiz pode fazer individualmente e aquilo que é capaz de atingir em colaboração com outras pessoas.

Por isso, é fundamental transformar as aulas em um local de desenvolvimento e não apenas de transmissão de conhecimento. 

Como o Edupulses pode te ajudar a aplicar a sala de aula invertida?

Não sei você já sabe, mas existem algumas ferramentas que podem te ajudar a aplicar a metodologia da sala de aula invertida na prática das suas aulas. É o caso da Edupulses.

Para isso, aqui está um passo a passo:

  • 1 – Grave um vídeo informativo usando algumas ferramentas disponíveis no mercado. Sugerimos “Screencast-O-Matic”, “PowToon” ou “Vyond”.
  • 2 – Oriente os alunos a assistirem o vídeo antes da aula.
  • 3 – Em sala de aula, utilize o “Múltipla Escolha” do Edupulses para testar os conhecimentos obtidos por meio do vídeo.
  • 4 – Divida os alunos em pequenos grupos, usando a ferramenta “Divisão em grupos” do Edupulses. E peça para que façam um cartaz com os principais pontos do assunto (poderá ser fornecido um outro material de apoio, como um texto, por exemplo).
  • 5 – Permita que os grupos apresentem as suas produções e façam uma discussão.
  • 6 – Encerre a aula com um “Quiz”, testando os conhecimentos obtidos através dessas atividades.

Conte sempre com o Edupulses para criar momentos interativos e engajadores na sua organização.


Autor: Willian Echeverria é Content Producer no Edupulses. Graduando em Psicologia e pesquisador em Educação, Aprendizagem e Metodologias Ativas. Willian se desafia todos os dias na busca de novas metodologias e ferramentas ativas que auxiliem no processo de ensino-aprendizagem.